segunda-feira, setembro 27, 2010

Fatos e Correlatos agora na Ultimato

Gente,

Quero comunicar que estou mudando de "casa". Após mais de 5 anos, o Fatos e Correlatos vai sair do Blogspot.com. É por um bom motivo. A Ultimato me convidou para integrar a turma de blogueiros da editora. A partir de hoje, estou hospedado no site da Ultimato (aliás, um verdadeiro portal). 

É uma grande honra para mim, e acredito que será uma oportunidade incrível para expor minhas ideias e compartilhar minhas experiências. Portanto, peço que você me acompanhe nesta migração.

Fatos e Correlatos agora só na Ultimato

Meu novo endereço é www.ultimato.com.br/sites/fatosecorrelatos

quarta-feira, setembro 01, 2010

Nós

Em cada encontro verdadeiro,
Seja Deus a fonte da reconciliação

Em cada história de vida,
Seja o sol aurora do perdão

Em cada passo dado,
Seja sublime a graça, e direção

Em cada outro,
Eu seja...sejamos
Nós

terça-feira, agosto 31, 2010

Aqui, acolá e além dos olhos

Vida cristã não é construir, da melhor forma possível, o meu castelo de espiritualidade. É trilhar um longo caminho, “aqui, acolá e além dos olhos”, seguindo o modelo de Cristo e orientado pelo Espírito.


Quem disse que o caminho é longo?
Jesus chama os discípulos, sem estabelecer prazos imediatos. “Sigam-me”; “Eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.18-22). Vida curta é para quem não vive a vida com Cristo (Mt 7.24-27 e 10.39). Em seu diálogo com Nicodemos, Jesus chamou o início de “novo nascimento”, o que pressupõe que a conversão é só o começo.
Já os autores do Novo Testamento viam a vida cristã, não como uma tarefa ocasional ou uma lista de tarefas, mas como um novo jeito de viver:
    - Paulo diz que “aquele que começou a boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6). Diz também que a vida cristã é uma corrida em direção a um alvo: conhecer a Cristo (Fp 3.12-16). O tema central da sua carta aos Gálatas é que somos transformados pelo Espírito, não pela lei, vivemos por Ele, não pelas regras.
   - Pedro projeta essa caminhada como “passos virtuosos” (2 Pe 1.5-9). Isto é, uma virtude alcança outra. O Espírito nos molda a cada passo.
  - João é mais simples e direto: “quem tem o Filho tem a vida, quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 Jo 5.11)

Se o caminho é longo, então temos que nos preparar para trilhá-lo. Aqui talvez resida nossa fraqueza mais aguda. Estamos sendo engolidos pelo imediatismo. Aprendemos a correr cem metros, mas não uma maratona. Aprendemos a ser assim. Nossos professores também estão confusos. Já não enfrentamos a vida com olhos fixos no horizonte, mas tão somente nos sapatos que calçamos.

O que perdemos com isso?
- Desistimos facilmente, e aos poucos vamos deixando de acreditar no caminho.
- O Cristianismo se torna uma religião que não se encaixa em nosso modo de vida. Com isso, ou o abandonamos (chamando-o de ultrapassado ou lento demais) ou procuramos uma outra versão de Cristianismo, mais soft, mais imediata, sem grandes pretensões, sem interferir significativamente em minha própria caminhada.
- Não experimentamos a graça de Deus na prática, não temos paciência para viver em comunidade, porque não aprofundamos a comunhão com a Trindade, não nos envolvemos integralmente com Deus; não aceitamos o desafio da plena unidade com Cristo (João 17.23).
- Não participamos da missão de redimir o mundo. Somos meros espectadores que até  lamentam a injustiça, mas não se veem compelidos a testemunhar a justiça de Deus. O Sermão do Monte não é para nós (Mt 5.11).

Para seguir o caminho é preciso...
Levar a sério a proposta de formação/transformação espiritual em Cristo: transformação de caráter (lúcida e persistente), “... até que Cristo seja formado em vocês” (Gl 4.19).
Vale a pena memorizar a reflexão de Dallas Willard, em seu livro A Grande (C)Omissão, página 77,78 (Editora Mundo Cristão):
“A formação espiritual em Cristo não é apenas um processo inconsciente em que os resultados podem ser observados enquanto Aquele que opera permanece oculto. Experimentamos, de fato, suas operações. Podemos buscá-las, esperá-las e ser gratos por elas. Estamos conscientemente envolvidos com ele nos detalhes de nossa existência e de nossa transformação espiritual”. (...)
Devemos parar de usar o fato de não podermos merecer graça (quer para justificação, quer para santificação) como desculpa para não nos envolvermos energicamente na busca por receber graça. Uma vez que fomos encontrados por Deus, passamos a buscar uma vida cada vez mais plena nele. Graça é o oposto de mérito, e não de esforço. A verdade da formação espiritual é que não seremos transformados “à semelhança dele” apenas por mais informações, por infusões, inspirações ou ministrações. Apesar de todos esses elementos ocuparem um lugar importante, nunca serão suficientes, e a confiança depositada exclusivamente neles explica porque, hoje em dia, tantos cristãos não conseguem ir muito além de certo nível de decência”.
"Buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça" (Mt 6.33) é um convite de Jesus para uma caminhada em direção ao "sol da justiça", que nos desafia ao envolvimento santo com o mundo à exemplo de Jesus, nos coloca em submissão a Rei e nos enche da ousadia vinda do Espírito. Que assim seja!

terça-feira, agosto 24, 2010

A absurda decisão de não amar o cônjuge

A decisão de amar é acompanhada pelo risco de não amar. Nem o compromisso público do casamento extingue tal risco. Amamos quando nos dispomos a dedicar tempo, serviço e coração ao outro. Decidimos não amar quando nosso cônjuge deixa de ser o real objeto do nosso amor e se torna, em nossa fantasia, qualquer outra pessoa -- exceto ele mesmo.

Desvios sexuais, como a pornografia e o adultério, são, na prática, nossa absurda decisão de não amar o cônjuge. Na pornografia, idealizamos um corpo perfeito e não conseguimos dedicar tempo, serviço e coração para amar o corpo imperfeito do nosso cônjuge. Cada ato pornográfico é, no fundo, a decisão de não amar quem um dia decidimos amar. E quanto mais constante e repetitiva essa prática se torna, mais nos afastamos do nosso (verdadeiro) cônjuge. Se não houver cura, chegará o dia em que decidiremos amar definitivamente a fantasia da perfeição sem amor a despeito da realidade da imperfeição com amor.

Já no adultério, falsificamos a nós mesmos e duplicamos nosso cônjuge. Decidimos amar duas ou mais pessoas, não amando, na verdade, nenhuma. Já não há mais foco e dedicação ao amor. Não há uma pessoa inteira ao nosso lado, com sua história, sentimentos, defeitos e qualidades únicas. Há apenas opções de prazer. E já não somos nós mesmos, apenas consumidores de bem-estar. Cometer adultério também faz parte da absurda decisão de não amar o cônjuge. Quanto mais o praticamos, mais reduzimos a quase nada quem um dia decidimos amar.

Amar é uma ordem. Quando Jesus deu essa ordem aos discípulos (Jo 15.12), ele estava estabelecendo um alto padrão de relacionamento para toda a humanidade. Esse padrão é ainda mais relevante no relacionamento conjugal, que tem um grau de intimidade e compromisso muito mais elevado. No entanto, antes de ordenar que os discípulos amassem uns aos outros, Jesus disse que eles deveriam “permanecer no amor dele” (Jo 15.9). Permanecer é decidir diariamente continuar amando, e isso torna a vida maravilhosamente mais bela. À luz desse padrão, decidir não amar é verdadeiramente um absurdo.

Escrevi este artigo para a revista Ultimato nº 325 (julho-agosto de 2010). Leia todo o conteúdo da referida edição aqui.

quarta-feira, julho 14, 2010

Auto-engano (republicando)

E se a pretensa segurança de agora não passasse de um suspiro? E se você descobrisse que o orgulho moral que o coloca no pedestal, na verdade, é tão somente fumaça diante da sujeira interior? E se os acertos de hoje se revelassem como insuficientes para sufocar os erros não perdoados?

O que restaria, se não apenas a graça de Deus que nos sustenta em meio à realidade confusa e incoerente de nossa natureza? E que sentido teria a vida para um faminto que, de repente, encontrasse um banquete em pleno deserto? Teria ele mais esperança e confiança de que chegaria com vida no final da caminhada? Seus pés teriam novas forças? Seus olhos deixariam de esquivar-se do horizonte? Sua boca voltaria a produzir saliva? Seus músculos seriam revigorados? Sua fé em Deus continuaria a existir?

O encontro com o Infinito é o que nos sustenta. O resto são tentativas de auto-engano.


[Este texto foi excluído e republicado devido a problemas na configuração deste blog]

domingo, julho 11, 2010

Descobrir os pés e encobrir o corpo inteiro

A justa ênfase dos pregadores na condenação ao pecado corre um risco: na busca pelo culpado, descobrir os pés e encobrir o corpo inteiro.

Explico: pecar é mais do que um ato, é uma condição existencial. Paulo, apóstolo, nos ensina muito isso em suas cartas. Ele mesmo nos diz que a busca pela santidade não é simplesmete uma lista de regras, mas sim uma luta entre carne e Espírito (Rm 7.14-25). Ou seja, é uma luta entre quem sou e quem Deus é; uma guerra existencial. Se pregamos o pecado apenas como um ato errado, vamos descobrir o erro, mas encobrir a condição que gera o erro. Vamos substituir a humildade e a dependência existencial do Espírito pelo orgulho moral do farizeu.

Eu sei que devemos nomear os pecados, principalmente em uma geração tão relativista. Mas tomemos cuidado para não cair na tentação de reduzir a realidade humana. Que Deus nos dê sabedoria!

E nossas crianças?

E as nossas crianças? Elas que já são vulneráreis naturalmente, na América Latina são ainda mais, devido a pobreza extrema e aos mecanismos de exclusão e injustiça social. Veja a seguir alguns dados relevados recentemente pela pesquisa A Pobreza Infantil: Um Desafio Prioritário. A pesquisa ainda está sendo finalizada pela CEPAL e o UNICEF.

80 milhões de crianças latino-americanas vivem na pobreza e 32 milhões na pobreza extrema;
– No Brasil, quase 23 milhões de crianças vivem na pobreza (38,8%!) e 8,5 milhões na pobreza extrema (14,6%).

O que não percebemos é que abandonar as crianças é também abandonar as virtudes ainda presentes nelas. Jesus já dizia que quem não se tornar como uma criança não entrará no Reino dos Céus. Ou seja, quem não olhar para elas e compreender o que elas têm de melhor não irá compreender o significado do reino de Deus.

Concordam?

sábado, junho 26, 2010

O Haiti é aqui

               Wellington Santos*

 
Desde a última sexta-feira, dia 18 de junho, temos sofrido com o cenário de guerra e o rastro de destruição, causados pelas últimas chuvas que caíram em Pernambuco e Alagoas. Os números ainda não são seguros, o fato, porém, é que muitas vidas se foram, cidades como Santana do Mundaú e Branquinha foram totalmente arrasadas e destruídas pelas correntezas.

Estive visitando Lourenço de Albuquerque em Rio Largo, Utinga e Murici. Quanta dor, destruição, tristeza e imensa necessidade. É importante destacar entretanto, que o cenário de miséria e pobreza que nos deparamos não é fruto desta tragédia natural da última sexta-feira,mas resultado de anos de corrupção, desvio de verbas públicas, coronelismo, preguiça e irresponsabilidade eleitoral por parte do povo que escolhe muito mal seus representantes. É bom ficar de olhos bem abertos para não culparmos as chuvas e a natureza, livrando assim os maus gestores públicos e porque não dizer, livrando nossa parcela de culpa, quando fazemos negociatas e ou trocamos novo precioso voto por “favores” vergonhosos.

O Pr. Reginaldo Silva, da ONG alemã Kindernothilfe, que atua no nordeste na proteção e cuidado social com crianças afirma: “Venho aqui me solidarizar com os alagoanos e alagoanas que foram vítimas diretas da tragédia causada, não pelas chuvas, mas pela falta de políticas sociais que não resolve os problemas das ocupações desordenadas, da falta de moradia, de educação ambiental etc. Se observarmos bem, veremos que é a falta destas e de outras coisas que causam tragédias como a mais recente”.
Precisamos agora arregaçar nossas mangas, por a mão na massa, repartir o pão e partir para livrar nossos irmãos e irmãs mais frágeis e desprotegidos desta situação de caos. Contamos com a colaboração de todas e todas que porventura lerem esta breve reflexão. Precisamos arrecadar colchões, lençóis, toalhas, agasalhos, água potável, cestas básicas, móveis usados, etc.

Continuemos orando, repartindo o pão e atentos aos maus políticos que ainda por cima, como abutres, irão tentar tirar proveito desta situação. Concluo citando o cantor e compositor Gilberto Gil, concordando plenamente com ele, quando afirma: O Haiti é aqui. Posso afirmar com toda convicção, que o Haiti é em Alagoas: 42% de analfabetos, 92% da população ganhando até 2 salários mínimos, concentração de renda e de terra, monocultura da cana de açúcar que enriquece uma minoria e empobrece a grande maioria, violência galopante, índices sócias críticos e agora some-se a tudo isto, 50 mil desabrigados e cidades inteiras destruídas
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Wellington Santos é pastor da Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió-Alagoas.

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