segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Tesouro real

Há de ser ter mais coragem!
Coração selvagem, cavalgando pelas florestas obtusas, lindas.

Há de se ter vivência!
Acordar bem cedo e enfrentar cada respiração é o segredo da vida.

Não tenho fórmulas. Tenho um caminho.
Não tenho a felicidade. Tenho montanhas e desfiladeiros que escondem os momentos mais preciosos de um ser humano (que alguns simplificam, denominando-os de "felicidade").

Tenho um copo d'água limpa.
Tenho um cavalo.
Tenho um pedaço de pão.
Tenho uma companheira. Sorrimos juntos.
Tenho um Pai. Sorrimos juntos.

Há de se ter coragem!

Há de se ter olhos de criança para enxergar o que se tem.
Há de se ter mãos de criança para receber o Reino.
O restante é ilusão.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Tarde quente. Entre os sons do rádio e do ventilador, tento entender minhas atitudes.
Braços largos, coluna vertebral irregular. E o tempo vai passando, enquanto contabilizo qualidades e quantidades.
Minhas palavras são lidas pelo silêncio. O que mais basta?
Minhas heranças são pedras sobre caminhos improvisados.
Nada mais se espera além do simples. Do básico. Do real.
O que vier é surpresa aceitável ou tragédia enfrentada.

Tarde de segunda-feira. Dia de trabalho.

Diálogo sobre a bondade

- Mas o que virá, então?
- Talvez, um caminho mais longo, o medo mais pavoroso...
- Não fale assim! Acabo pensando que a bondade é ilusão!
- E não é, oras!?
- Claro que não! Se assim fosse, como poderíamos continuar vivendo? O que poderia existir se a Bondade não existisse?
- Hum...
- Muitos duvidam da existência de Deus porque o mal existe. Eu creio em Deus exatamente porque o Bem existe.
- Hum... hum...

Paiol da Aurora

VI.
Viver é estar acordado
e acordar. E comer
o pão, beber a branca
alegria, deitar
com as lavas.

E no tempo ajustado
pela alma, erguer
as asas.
(...)


VII.
Os olhos voarão,
os braços e os pés
voarão.

E pela sacada
de mel, não há
alma que não voe.

E o céu coado
entorna fluvo,
uivo: em decibéis,
como um tonel,
o anel intransponível
de gaivotas.


VIII.
A roda de Deus
nos toca.
E vives
com um ramo
de amanhecer
na boca.

Trechos do poema Paiol da Aurora, de Carlos Nejar.

sábado, fevereiro 18, 2006

Asas

Peço-te asas.
Para voar e ver tudo que não enxergo daqui. Para limpar meus pés da lama de ontem.
Que minha fraqueza de hoje seja minha força amanhã.
Pelo poder do teu Espírito, peço-te asas.
Asas para voar pelos montes demasiadamente altos. Eles estão em meus sonhos, mas não posso tocá-los.
Não quero asas de anjos. Sim, que sejam de humanos sem rumo. Eles sabem exatamente o que lhes falta.
Peço-te o que me falta: asas.