Hoje conheci um homem de 36 anos, doente. Chama-se Olair. Há poucos dias, ele estava na UTI, com crise profunda nos rins.
Ele dizia que nos tempos que passou no hospital, o que o incomodou não foi a dor, mas a sede.
Devido a doença, Olair não podia consumir muito líquido. Os médicos lhe davam um copo muito pequeno com água. Essa quantidade era para a metade de um dia. Ele tinha tanta sede que chegou a beber a água e depois cuspi-la no copo, só para num outro momento molhar a língua de novo.
Fiquei comovido com o drama daquele homem de família que não consegue mais trabalhar, e mesmo assim ainda não foi aposentado por invalidez.
Lembrei de Jesus - quando crucificado e muito sedento - recebeu apenas vinho visturado com fel. De tão amargo que era, ele não conseguiu engolir o líquido.
Lembrei também do encontro do mesmo Jesus com a samaritana emocionalmente frágil. Ele lhe pediu água do poço de Jacó. A mulher - presa pelas tradições religiosas e inferiorizada pelo preconceito dos judeus - não conseguiu servi-lo. Jesus, por sua vez, não apenas curou aquela mulher de todas as suas feridas emocionais e espirituais, como lhe concedeu a "água viva" que transforma vidas secas como a dela em "fontes que jorram eternamente".
Aquele homem com quem conversei hoje me ensinou a dar valor a um simples copo d'água. Enquanto anseio poder, controle e sucesso, ele quer apenas voltar a trabalhar e beber o tanto de água que desejar.
O outro homem (Jesus) me ensinou que não há vida tão seca que não possa ser transformada em um cachoeira que não se finda.
O meu querido irmão André descobriu esses dias que o câncer não o deixou. Estamos muito tristes. Porém, de alguma forma (que não sei explicar) o Cristo nos consola, nos revela verdades e nos faz ver outros horizontes.
A vida faz mais sentido para mim depois do drama do André, assim como um copo d'água faz mais sentido depois da conversa com o Olacir.
Não sei por que, mas a escuridão sempre vem antes do amanhecer.
domingo, setembro 17, 2006
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