segunda-feira, setembro 17, 2007

O Valor do Encontro

Dizem que a vida é feita de encontros, chegadas e despedidas. Sabe o que acho mais importante na magia do encontro? O olhar: poder perceber outros olhares, outras maneiras de ver o mesmo jardim e, assim, ser possível compartilhar esta descoberta no momento do encontro.

Não estou falando do enganoso conceito de “relativismo”. Falo da complementariedade, da benção que temos em unir olhares e, de repente, descobrir algo que não sabíamos sobre Deus, sobre sua Criação. Mesmo que, com a Internet, a tecnologia tenha revolucionado a maneira de nos relacionarmos, nada substituirá a força do encontro, de olho no olho, do sentir a presença do outro, do abraço gostoso, do sorriso espontâneo. Sabe por quê? Porque é no relacionamento que descobrimos nossa identidade diante de Cristo. Não em regras para seguir, mas nos encontros que vivenciamos.

Olho para trás e vejo tantos “pontos de encontro” que Deus nos deu para unir nossos olhares. Cada um de nós descobre que somos mais do que nossos próprios olhos. Esses "pontos de encontro" são oportunidades de percebermos o quanto nossa visão mudou e o quanto isto foi importante para nosso chamado, nossa vocação, nossa vida.

Nossos olhos já não são os mesmos. Alguns foram envelhecendo durante todos estes anos. Outros ficaram mais cristalinos por causa das lágrimas que caíram. Alguns, mesmo não enxergando mais tão bem por fora, vêem melhor por dentro, porque aprenderam a enxergar o coração. Em meio a tudo isto, percebemos o mais importante: os olhos do Senhor nunca nos deixaram e a Sua fidelidade sempre esteve presente. Vamos celebrar este milagre!

Não subestimemos o poder e a benção do ENCONTRO. Ele nos renova, nos anima e poderosamente nos transforma. Afinal, quando Deus resolveu se fazer homem e se encontrar conosco, o mundo nunca mais foi o mesmo.

(texto originalmente escrito para o 1º Encontro dos Ex-alunos do CEM, em 2003)

segunda-feira, setembro 10, 2007

Poetas

"Poetas são pessoas que, olhando para as coisas comuns que todo o mundo vê, vêem coisas que ninguém vê. Por isso a poesia é remédio para a cegueira."
Rubem Alves

saudade

saudade: lembrança do que foi, sem nunca ter ido.
saudade do caminho de rio, grande.
saudade do bravio mar, que de tanto ar.
saudade da madrugada, negra, seda.
saudade do que sonho, queda-se em mim.
(l.d.a.)

domingo, setembro 09, 2007

Deus

Deus, tua palavra, caminhando,
Pelas rodas inesperadas, vívidas.

Deus, teu toque, seguindo-me,
Pelas ruas empoeiradas, inóspitas.

Deus, teu rosto, refletindo,
Pelos espelhos quebrados, sujos.

Deus, teus olhos, roçando,
Pelos clarões abertos, verdes.

Deus, teu silêncio, perfurando,
Pelas esquinas nuas, prostituídas.

Deus, teu ser, transformando,
Pelas vias do coração, escuras e eternas.

Lissânder D. do Amaral

sexta-feira, setembro 07, 2007

Reino sem rei

Que será de um reino sem seu rei? Será miragem ou apenas uma metáfora?
O rei torna o reino real (com acidentes geográficos, gente caminhando, erros e acertos). Ignorar a presença pessoal do rei é banalizar o reino e toda a sua riqueza.
O Cristianismo oferece um reino que foi anunciado pelo seu próprio rei. O reino é a promessa do rei. O rei é a garantia de que o reino será instaurado completamente.
É certo que sempre desejamos pintar o rei do nosso jeito, especialmente quando temos poder político e religioso para isso. É certo, todavia, que o reino não passa de uma bela metáfora (especialmente, para nossos interesses sociais e políticos) se o rei não tiver poder para governá-lo.
Nós, seres humanos, não podemos ignorar a presença de ambos. Gostamos das bençãos do reino ("alegria, justiça e paz"), mas também precisamos considerar a presença real, pessoal e remidora do rei em nossas vidas marcadas pela rebeldia.
"Reino" e "Rei" devem ser escritos com letras bem maiúsculas.