Na sala empoeirada, euforia. Arrumando a bagagem, a mãe não sabia como fazê-la. Sua geração não estava acostumada com tal tarefa. O pai, apressado, preparava o fogareiro, juntando brasas e soprando o vento para o mesmo local. O menino brincava com o cordeirinho, lindo, em seus últimos momentos de vida. Já haviam se tornado amigos naqueles quatro longos dias. No coração da criança, a dúvida: por que ele tem que morrer? O que ele fez de mal?
A dita euforia combinava com o cheiro da liberdade. Toda a família sentia o mesmo odor. Parecia um sonho. Sairemos do Egito e iremos para a nossa terra.
O amargo das ervas era como uma despedida irônica dos séculos de sofrimento que nenhuma língua gostaria de provar. E que mesmo assim não deveriam ser esquecidos.
A noite seria longa, e infelizmente fúnebre. Mesmo com o barulho de arrumação nas casas vizinhas, ainda assim havia um silêncio estranho no ar. De alguma forma, tudo aquilo estava interligado: a bagagem, o cordeiro, o fogo, as ervas amargadas, o pão sem fermento, o medo da morte, o sonho de liberdade, a fé no Senhor.
Tudo começava a fazer sentido na medida em que fazíamos o que Ele ordenara por meio de Moisés e de Arão. Tínhamos uma firmeza nunca antes vista. Até o faraó se surpreendeu conosco. De escravos nos transformamos em revolucionários. De submissos éramos vistos como subversivos.
Mais importante do que isso, no entanto, era o momento solene do holocausto. Nossa identidade estava ali, naquele altar. Um cordeiro morto, sofrendo em nosso lugar, servindo de alimento para nossa humanidade, para nossa necessidade de sobreviver. Não tínhamos idéia, mas nossa história começava a ser contada realmente, concretamente. Era apenas o começo de uma caminhada que duraria para sempre e transformaria o mundo.
[Relato da primeira páscoa. Baseado em Êxodo 12.1-11]
A dita euforia combinava com o cheiro da liberdade. Toda a família sentia o mesmo odor. Parecia um sonho. Sairemos do Egito e iremos para a nossa terra.
O amargo das ervas era como uma despedida irônica dos séculos de sofrimento que nenhuma língua gostaria de provar. E que mesmo assim não deveriam ser esquecidos.
A noite seria longa, e infelizmente fúnebre. Mesmo com o barulho de arrumação nas casas vizinhas, ainda assim havia um silêncio estranho no ar. De alguma forma, tudo aquilo estava interligado: a bagagem, o cordeiro, o fogo, as ervas amargadas, o pão sem fermento, o medo da morte, o sonho de liberdade, a fé no Senhor.
Tudo começava a fazer sentido na medida em que fazíamos o que Ele ordenara por meio de Moisés e de Arão. Tínhamos uma firmeza nunca antes vista. Até o faraó se surpreendeu conosco. De escravos nos transformamos em revolucionários. De submissos éramos vistos como subversivos.
Mais importante do que isso, no entanto, era o momento solene do holocausto. Nossa identidade estava ali, naquele altar. Um cordeiro morto, sofrendo em nosso lugar, servindo de alimento para nossa humanidade, para nossa necessidade de sobreviver. Não tínhamos idéia, mas nossa história começava a ser contada realmente, concretamente. Era apenas o começo de uma caminhada que duraria para sempre e transformaria o mundo.
[Relato da primeira páscoa. Baseado em Êxodo 12.1-11]
Um comentário:
Cheguei a experimentar uma erva tão amarga quanto a daquela época. Parecia que seu sabor nunca sairia de minha boca. Mas a cada dia de minha vida o cordeiro perfeito, que antes era morto, mas vive novamente, traz consigo algo tão doce e suave que me faz esquecer o que parecia ser inesquecível. Ele levou sobre si as minhas dores. Eu não merecia isso, mas ele decidiu me amar, de forma racional e incondicional.
Não quero deixar de ser amigo desse cordeirinho!!!
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