Dia 14 de maio de 2008. Estou pela primeira vez em Brasília, centro do poder político do país. Depois de um pedido de visto para os EUA fracassado, resolvi caminhar pela frente dos prédios enormes que abrigam os ministérios federais. Visitei primeiramente o Ministério do Desenvolvimento Social e Segurança Alimentar. Fui recebido por uma jornalista a quem pedi informações sobre o trabalho do dito ministério. Com boa vontade e simpatia, ela me deu vários folders e material sobre estatutos de idosos, crianças, etc. e sobre o Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Li rapidamente algumas coisas e fiquei animado com o que estava no papel. Resta saber se isso é real o suficiente na prática. De dentro do meu coração, me veio um desejo grande de que as Igrejas também se envolvessem com tudo isso.
Depois, passei em frente ao Ministério do Meio Ambiente e li duas faixas de apoio à Marina Silva, assinadas pela Associação dos Funcionários do MMA. Uma delas dizia: "Continue a Luta!". Me dirigi para a porta de entrada do prédio, e por acaso, encontrei Jane Villas Bôas, a assessora de Marina. Ela me reconheceu (eu havia conversado com ela em junho de 2007) e nos saudamos com alegria. Eu disse que soube da demissão da ministra e expressei meu apoio e também da equipe da Editora Ultimato. Ela agradeceu e disse que a demissão da Marina foi uma atitude de "sacrifício necessário para que as vitórias conquistadas não fossem perdidas". Logo após essa frase, ela disse (em outras palavras) que Marina não suportou a incoerência do Governo em apoiar governadores que iam contra a política de meio ambiente que estava sendo defendida e implantada pelo MMA. Com isso, Marina se viu se sustentação do próprio Governo. Lhe restou o "sacrifício necessário" de pedir demissão para continuar lutando no Senado. Nos despedimos com um carinho de irmãos em Cristo, e com a certeza de que a luta continua.
Continuei caminhando. Passei pela bela Catedral Metropolitana de Brasília e pelas 4 estátuas dos 4 autores do Evangelho (Mateus, Lucas, Marcos e João). Igreja e Estado lado a lado. Coincidência? Talvez não. De qualquer forma, entrei no templo e apreciei a maravilha arquitetônica de Niemeyer. Ao lado da catedral, vi 4 sinos grandes doados pela Espanha. Alguns minutos atrás, eu passei ao lado de um ambulante que vendia exatamente sinos (!). Brinquei com ele: "Esses sinos vão ajudar a acordar alguns políticos daqui, hein?". Ele riu economicamente, mas não disse nada (acho que não entendeu a piada).
Mais a frente, ajudei a empurrar um carro sem gasolina. Trabalho em vão. O carro continuou sem gasolina.
Passei em frente à Biblioteca Nacional de Brasília, mas apesar da vontade de entrar, não o fiz, pois precisava chegar na rodoviária.
Sob o sol escaldante da capital federal, vi trabalhadores rurais protestando em frente ao prédio do Ministério do Planejamento. Eles reclamavam que o Governo não cumpriu a promessa de reajuste salarial. Foi o segundo protesto popular que presenciei nos dois dias que estou em Brasília.
Ao entrar no ônibus que iria me levar até a um shopping, vi uma senhora idosa ajudando uma mais idosa ainda a descer do ônibus. Já dentro do lotação, um homem entrou para vender doces. Comprei um pacote, e quando desci do ônibus, também o encontrei lá embaixo. Como havia citado alguns versículos bíblicos para nós, resolvi lhe dar uma revista Ultimato. Ele agradeceu. Depois de um tempo, atravessei a pista e o encontrei numa mesa de um restaurante bebendo uma cerveja e lendo a Ultimato. Feliz da vida!
Agora são 14h15. Às 19 horas volto para Viçosa.
quarta-feira, maio 14, 2008
Uma caminhada pelo centro do poder
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terça-feira, maio 06, 2008
Diálogo imaginário nº 1
Seus pensamentos modificavam-se hora após hora. A viagem incomodava. Dava para perceber. Nos olhos, uma sensação límpida de que não sabia a resposta da minha pergunta. Ele era apenas um jovem estudante. Por que teria que responder? Eu, mais velho, queria testá-lo, mas não imaginava o que viria. Quando veio, quase que me arrependi de ter subestimado sua inteligência.
- Você acredita em Deus?, perguntei.
Não me acanhei em questionar. Isso porque para mim a pergunta era uma maneira de revelar minha superioridade.
Ele, quase gaguejando, soprou uma palavra como se fosse "coração". Dois segundos depois, meu cérebro conseguiu me comunicar que, na verdade, o jovem garoto havia respondido:
- Em você, não.
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