quarta-feira, dezembro 30, 2009

As batalhas da vida


Domingo fui testemunha de um marco histórico em Caeté (MG): seu Raimundo e dona Dulce completaram 50 anos de casamento. Eu os havia conhecido no dia anterior. Sorrindo, ele não descartou as dificuldades da convivência a dois. Fico imaginando quantas lutas este casal não enfrentou durante 5 décadas para sustentar a família e manter o relacionamento conjugal!

Neste natal, reunimos integrantes de nossas famílias (a minha e a da minha esposa). Foi um tempo abençoado, de alegria. Mas não pude deixar de perceber o esforço geral para não sucumbirmos aos pontos de tensão existentes. Foi preciso muita oração e paciência para mantermos a comunhão.

Nestes últimos dias, tem chovido constantemente em Minas. As manchetes de jornal contam o drama de quem mora em áreas de risco e sofre com o prejuízo dos alagamentos. Enquanto isso, vemos a luta dos ambientalistas para salvar o planeta.

Na segunda-feira, visitei uma igreja batista em Sabará (MG). Pude ver o esforço do pastor local para mobilizar igrejas e governantes, desenvolver projetos de responsabilidade social, e pregar o Evangelho de Cristo.

Estes são alguns exemplos (entre milhões) de que a vida é realmente uma batalha. Todos os dias. Talvez seja por isso que precisamos de uma linha imaginária do início e do fim de um tempo que nos ajude a respirar um pouco, a descansarmos da caminhada. Findamos 2009, começamos 2010, com o sentimento de que algo novo está por vir.

Enquanto leio o livro Surpreendido pela Esperança (N. T. Wright), me dou conta de que o futuro que nos espera será fundamentalmente uma redenção de todo o esforço gasto nas batalhas da vida presente. De todas elas, das menores às maiores, das cotidianas às cósmicas. Segundo o autor, seremos uma nova criação, já antecipada pela ressurreição de Cristo:
"A ressurreição não é um evento absurdo, mas o símbolo e o ponto de partida para o novo mundo. A proposta oferecida pelo cristianismo possui essa magnitude: Jesus de Nazaré não é simplesmente uma nova religião, ou uma nova ética, ou um novo caminho de salvação. Trata-se de uma nova criação". (p. 82, 83)

Sinceramente, acredito muito nisso. Não espero o céu como escapismo (apesar de saber que, segundo Jesus, ainda teremos muitas dores), mas aguardo confiantemente o próximo evento decisivo de Cristo: sua segunda vinda para tornar novas todas as coisas. E esta renovação santa e definitiva dará o sentido pleno a tudo que fazemos hoje em favor do reino de Deus. Cada ato, cada sentimento, cada convicção, cada atitude de entrega, cada batalha. Tudo isso será visto em sua plenitude, sem a presença do pecado.

Minha oração para 2010 é que a esperança cristã, de fato, nos surpreenda e lance luz às batalhas da vida hoje.

2 comentários:

Tábata Mori disse...

Começou o ano inspirado Lili... inperado pela esperança!
Muito bom!

Wilde disse...

Prezado irmão e amigo Lissander,
Desculpe, mas vou ser um pouco mais longo no comentário. Talvez não fosse aqui o local mais apropriado, mas vai.
Me lembrei hoje de outra mensagem que guardei, entre tantos clichês ou sinceros desejos de boas festas trocados no mês passado. Em uma frase de toda a mensagem, especificamente, o autor dizia que "doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação, e tudo começa outra vez". Trata-se de uma mensagem de Drummond que, em todo o conteúdo transmitido a mim, dizia:
"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão pra qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante, vai ser diferente."
Talvez você já a conheça. Se não, pode ser proveitosa a reflexão.
Me lembrei disso enquanto você falava na igreja, e fazia uma analogia interessante, vinda de Caeté, entre uma imagem da crucificação de Cristo e um por do sol (que prediz o seu renascimento doze horas depois... E há, ainda, analogia entre essas doze horas e doze meses de um ano). Transcrevo , também, a continuação de um trecho lido de 1 Cor. 15, no vs 19 que diz: "Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens."
O Cristo que morreu, ressuscitou. E ao acreditarmos nisso, recebemos a esperança de renovação de todo o desgaste desta vida, que já nasceu desgastada. Morreremos e ressuscitaremos para nova vida. Assim como o sol se põe e logo nasce em outro dia novinho! Assim como a terra gira em torno do sol, refaz frio e calor na natureza, e forma anos novinhos de renovação. A cada novo dia e novo ano, Deus anuncia a sua obra para a humanidade.