segunda-feira, setembro 27, 2010

Fatos e Correlatos agora na Ultimato

Gente,

Quero comunicar que estou mudando de "casa". Após mais de 5 anos, o Fatos e Correlatos vai sair do Blogspot.com. É por um bom motivo. A Ultimato me convidou para integrar a turma de blogueiros da editora. A partir de hoje, estou hospedado no site da Ultimato (aliás, um verdadeiro portal). 

É uma grande honra para mim, e acredito que será uma oportunidade incrível para expor minhas ideias e compartilhar minhas experiências. Portanto, peço que você me acompanhe nesta migração.

Fatos e Correlatos agora só na Ultimato

Meu novo endereço é www.ultimato.com.br/sites/fatosecorrelatos

quarta-feira, setembro 01, 2010

Nós

Em cada encontro verdadeiro,
Seja Deus a fonte da reconciliação

Em cada história de vida,
Seja o sol aurora do perdão

Em cada passo dado,
Seja sublime a graça, e direção

Em cada outro,
Eu seja...sejamos
Nós

terça-feira, agosto 31, 2010

Aqui, acolá e além dos olhos

Vida cristã não é construir, da melhor forma possível, o meu castelo de espiritualidade. É trilhar um longo caminho, “aqui, acolá e além dos olhos”, seguindo o modelo de Cristo e orientado pelo Espírito.


Quem disse que o caminho é longo?
Jesus chama os discípulos, sem estabelecer prazos imediatos. “Sigam-me”; “Eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.18-22). Vida curta é para quem não vive a vida com Cristo (Mt 7.24-27 e 10.39). Em seu diálogo com Nicodemos, Jesus chamou o início de “novo nascimento”, o que pressupõe que a conversão é só o começo.
Já os autores do Novo Testamento viam a vida cristã, não como uma tarefa ocasional ou uma lista de tarefas, mas como um novo jeito de viver:
    - Paulo diz que “aquele que começou a boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6). Diz também que a vida cristã é uma corrida em direção a um alvo: conhecer a Cristo (Fp 3.12-16). O tema central da sua carta aos Gálatas é que somos transformados pelo Espírito, não pela lei, vivemos por Ele, não pelas regras.
   - Pedro projeta essa caminhada como “passos virtuosos” (2 Pe 1.5-9). Isto é, uma virtude alcança outra. O Espírito nos molda a cada passo.
  - João é mais simples e direto: “quem tem o Filho tem a vida, quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 Jo 5.11)

Se o caminho é longo, então temos que nos preparar para trilhá-lo. Aqui talvez resida nossa fraqueza mais aguda. Estamos sendo engolidos pelo imediatismo. Aprendemos a correr cem metros, mas não uma maratona. Aprendemos a ser assim. Nossos professores também estão confusos. Já não enfrentamos a vida com olhos fixos no horizonte, mas tão somente nos sapatos que calçamos.

O que perdemos com isso?
- Desistimos facilmente, e aos poucos vamos deixando de acreditar no caminho.
- O Cristianismo se torna uma religião que não se encaixa em nosso modo de vida. Com isso, ou o abandonamos (chamando-o de ultrapassado ou lento demais) ou procuramos uma outra versão de Cristianismo, mais soft, mais imediata, sem grandes pretensões, sem interferir significativamente em minha própria caminhada.
- Não experimentamos a graça de Deus na prática, não temos paciência para viver em comunidade, porque não aprofundamos a comunhão com a Trindade, não nos envolvemos integralmente com Deus; não aceitamos o desafio da plena unidade com Cristo (João 17.23).
- Não participamos da missão de redimir o mundo. Somos meros espectadores que até  lamentam a injustiça, mas não se veem compelidos a testemunhar a justiça de Deus. O Sermão do Monte não é para nós (Mt 5.11).

Para seguir o caminho é preciso...
Levar a sério a proposta de formação/transformação espiritual em Cristo: transformação de caráter (lúcida e persistente), “... até que Cristo seja formado em vocês” (Gl 4.19).
Vale a pena memorizar a reflexão de Dallas Willard, em seu livro A Grande (C)Omissão, página 77,78 (Editora Mundo Cristão):
“A formação espiritual em Cristo não é apenas um processo inconsciente em que os resultados podem ser observados enquanto Aquele que opera permanece oculto. Experimentamos, de fato, suas operações. Podemos buscá-las, esperá-las e ser gratos por elas. Estamos conscientemente envolvidos com ele nos detalhes de nossa existência e de nossa transformação espiritual”. (...)
Devemos parar de usar o fato de não podermos merecer graça (quer para justificação, quer para santificação) como desculpa para não nos envolvermos energicamente na busca por receber graça. Uma vez que fomos encontrados por Deus, passamos a buscar uma vida cada vez mais plena nele. Graça é o oposto de mérito, e não de esforço. A verdade da formação espiritual é que não seremos transformados “à semelhança dele” apenas por mais informações, por infusões, inspirações ou ministrações. Apesar de todos esses elementos ocuparem um lugar importante, nunca serão suficientes, e a confiança depositada exclusivamente neles explica porque, hoje em dia, tantos cristãos não conseguem ir muito além de certo nível de decência”.
"Buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça" (Mt 6.33) é um convite de Jesus para uma caminhada em direção ao "sol da justiça", que nos desafia ao envolvimento santo com o mundo à exemplo de Jesus, nos coloca em submissão a Rei e nos enche da ousadia vinda do Espírito. Que assim seja!

terça-feira, agosto 24, 2010

A absurda decisão de não amar o cônjuge

A decisão de amar é acompanhada pelo risco de não amar. Nem o compromisso público do casamento extingue tal risco. Amamos quando nos dispomos a dedicar tempo, serviço e coração ao outro. Decidimos não amar quando nosso cônjuge deixa de ser o real objeto do nosso amor e se torna, em nossa fantasia, qualquer outra pessoa -- exceto ele mesmo.

Desvios sexuais, como a pornografia e o adultério, são, na prática, nossa absurda decisão de não amar o cônjuge. Na pornografia, idealizamos um corpo perfeito e não conseguimos dedicar tempo, serviço e coração para amar o corpo imperfeito do nosso cônjuge. Cada ato pornográfico é, no fundo, a decisão de não amar quem um dia decidimos amar. E quanto mais constante e repetitiva essa prática se torna, mais nos afastamos do nosso (verdadeiro) cônjuge. Se não houver cura, chegará o dia em que decidiremos amar definitivamente a fantasia da perfeição sem amor a despeito da realidade da imperfeição com amor.

Já no adultério, falsificamos a nós mesmos e duplicamos nosso cônjuge. Decidimos amar duas ou mais pessoas, não amando, na verdade, nenhuma. Já não há mais foco e dedicação ao amor. Não há uma pessoa inteira ao nosso lado, com sua história, sentimentos, defeitos e qualidades únicas. Há apenas opções de prazer. E já não somos nós mesmos, apenas consumidores de bem-estar. Cometer adultério também faz parte da absurda decisão de não amar o cônjuge. Quanto mais o praticamos, mais reduzimos a quase nada quem um dia decidimos amar.

Amar é uma ordem. Quando Jesus deu essa ordem aos discípulos (Jo 15.12), ele estava estabelecendo um alto padrão de relacionamento para toda a humanidade. Esse padrão é ainda mais relevante no relacionamento conjugal, que tem um grau de intimidade e compromisso muito mais elevado. No entanto, antes de ordenar que os discípulos amassem uns aos outros, Jesus disse que eles deveriam “permanecer no amor dele” (Jo 15.9). Permanecer é decidir diariamente continuar amando, e isso torna a vida maravilhosamente mais bela. À luz desse padrão, decidir não amar é verdadeiramente um absurdo.

Escrevi este artigo para a revista Ultimato nº 325 (julho-agosto de 2010). Leia todo o conteúdo da referida edição aqui.

quarta-feira, julho 14, 2010

Auto-engano (republicando)

E se a pretensa segurança de agora não passasse de um suspiro? E se você descobrisse que o orgulho moral que o coloca no pedestal, na verdade, é tão somente fumaça diante da sujeira interior? E se os acertos de hoje se revelassem como insuficientes para sufocar os erros não perdoados?

O que restaria, se não apenas a graça de Deus que nos sustenta em meio à realidade confusa e incoerente de nossa natureza? E que sentido teria a vida para um faminto que, de repente, encontrasse um banquete em pleno deserto? Teria ele mais esperança e confiança de que chegaria com vida no final da caminhada? Seus pés teriam novas forças? Seus olhos deixariam de esquivar-se do horizonte? Sua boca voltaria a produzir saliva? Seus músculos seriam revigorados? Sua fé em Deus continuaria a existir?

O encontro com o Infinito é o que nos sustenta. O resto são tentativas de auto-engano.


[Este texto foi excluído e republicado devido a problemas na configuração deste blog]

domingo, julho 11, 2010

Descobrir os pés e encobrir o corpo inteiro

A justa ênfase dos pregadores na condenação ao pecado corre um risco: na busca pelo culpado, descobrir os pés e encobrir o corpo inteiro.

Explico: pecar é mais do que um ato, é uma condição existencial. Paulo, apóstolo, nos ensina muito isso em suas cartas. Ele mesmo nos diz que a busca pela santidade não é simplesmete uma lista de regras, mas sim uma luta entre carne e Espírito (Rm 7.14-25). Ou seja, é uma luta entre quem sou e quem Deus é; uma guerra existencial. Se pregamos o pecado apenas como um ato errado, vamos descobrir o erro, mas encobrir a condição que gera o erro. Vamos substituir a humildade e a dependência existencial do Espírito pelo orgulho moral do farizeu.

Eu sei que devemos nomear os pecados, principalmente em uma geração tão relativista. Mas tomemos cuidado para não cair na tentação de reduzir a realidade humana. Que Deus nos dê sabedoria!

E nossas crianças?

E as nossas crianças? Elas que já são vulneráreis naturalmente, na América Latina são ainda mais, devido a pobreza extrema e aos mecanismos de exclusão e injustiça social. Veja a seguir alguns dados relevados recentemente pela pesquisa A Pobreza Infantil: Um Desafio Prioritário. A pesquisa ainda está sendo finalizada pela CEPAL e o UNICEF.

80 milhões de crianças latino-americanas vivem na pobreza e 32 milhões na pobreza extrema;
– No Brasil, quase 23 milhões de crianças vivem na pobreza (38,8%!) e 8,5 milhões na pobreza extrema (14,6%).

O que não percebemos é que abandonar as crianças é também abandonar as virtudes ainda presentes nelas. Jesus já dizia que quem não se tornar como uma criança não entrará no Reino dos Céus. Ou seja, quem não olhar para elas e compreender o que elas têm de melhor não irá compreender o significado do reino de Deus.

Concordam?

sábado, junho 26, 2010

O Haiti é aqui

               Wellington Santos*

 
Desde a última sexta-feira, dia 18 de junho, temos sofrido com o cenário de guerra e o rastro de destruição, causados pelas últimas chuvas que caíram em Pernambuco e Alagoas. Os números ainda não são seguros, o fato, porém, é que muitas vidas se foram, cidades como Santana do Mundaú e Branquinha foram totalmente arrasadas e destruídas pelas correntezas.

Estive visitando Lourenço de Albuquerque em Rio Largo, Utinga e Murici. Quanta dor, destruição, tristeza e imensa necessidade. É importante destacar entretanto, que o cenário de miséria e pobreza que nos deparamos não é fruto desta tragédia natural da última sexta-feira,mas resultado de anos de corrupção, desvio de verbas públicas, coronelismo, preguiça e irresponsabilidade eleitoral por parte do povo que escolhe muito mal seus representantes. É bom ficar de olhos bem abertos para não culparmos as chuvas e a natureza, livrando assim os maus gestores públicos e porque não dizer, livrando nossa parcela de culpa, quando fazemos negociatas e ou trocamos novo precioso voto por “favores” vergonhosos.

O Pr. Reginaldo Silva, da ONG alemã Kindernothilfe, que atua no nordeste na proteção e cuidado social com crianças afirma: “Venho aqui me solidarizar com os alagoanos e alagoanas que foram vítimas diretas da tragédia causada, não pelas chuvas, mas pela falta de políticas sociais que não resolve os problemas das ocupações desordenadas, da falta de moradia, de educação ambiental etc. Se observarmos bem, veremos que é a falta destas e de outras coisas que causam tragédias como a mais recente”.
Precisamos agora arregaçar nossas mangas, por a mão na massa, repartir o pão e partir para livrar nossos irmãos e irmãs mais frágeis e desprotegidos desta situação de caos. Contamos com a colaboração de todas e todas que porventura lerem esta breve reflexão. Precisamos arrecadar colchões, lençóis, toalhas, agasalhos, água potável, cestas básicas, móveis usados, etc.

Continuemos orando, repartindo o pão e atentos aos maus políticos que ainda por cima, como abutres, irão tentar tirar proveito desta situação. Concluo citando o cantor e compositor Gilberto Gil, concordando plenamente com ele, quando afirma: O Haiti é aqui. Posso afirmar com toda convicção, que o Haiti é em Alagoas: 42% de analfabetos, 92% da população ganhando até 2 salários mínimos, concentração de renda e de terra, monocultura da cana de açúcar que enriquece uma minoria e empobrece a grande maioria, violência galopante, índices sócias críticos e agora some-se a tudo isto, 50 mil desabrigados e cidades inteiras destruídas
.

*
Wellington Santos é pastor da Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió-Alagoas.

+
Ore e deixe sua mensagem: para enviar uma mensagem de solidariedade ao pastor Wellington Santos, deixe seu comentário aqui e a Rede FALE encaminhará sua resposta.

sábado, junho 12, 2010

Embaçadamente

Olhos embaçados
Grandemente gastos
Grandemente negros
Grandemente vistos

Silêncio pronto
Letras, letras, letras
Ponto, vírgula

Sempre há um espaço
Na folha de papel
Para o poeta

Mesmo que seu ofício
Seja tão somente
Olhar para si mesmo
Embaçadamente.

Poesia e razão

“A poesia mantém a sanidade, porque flutua facilmente num mar infinito; a razão procura atravessar o mar infinito, e assim torná-lo finito. O resultado é a exaustão mental…”
G. K. Chesterton

Um livro para marcar época

Tive a alegria e a honra de ajudar a selecionar e organizar os 23 textos do recém-lançado livro Uma Criança os Guiará - por uma teologia da criança (Editora Ultimato). A abordagem do livro é inédita no Brasil. Imagine reunir 21 notáveis autores evangélicos para falarem sobre... a criança. O tema parece secundário, menos importante? Então leia o livro!

Aqui a criança é colocada em evidência (ou como diriam os teólogos do Movimento Teologia da Criança: "no meio"). Não com uma abordagem rasa e repetitiva, mas sim com a intenção de resgatar o valor da criança para a teologia e para a espiritualidade cristã.

O livro demorou para sair, mas valeu a pena a espera. Começamos a reunir os textos em 2006, após a 1ª Consulta Teologia da Criança Brasil, realizada em Itu (SP). Com o tempo, os artigos foram sendo selecionados e editados. Os autores foram muito solícitos - o que facilitou o processo. A Editora Ultimato também demonstrou empenho e zelo com a produção editorial e gráfica. Klênia e Welinton foram meus fiéis e pacientes companheiros nesta empreitada de formulação da ideia e do projeto do livro.

Sem mais delongas, o aperitivo está servido. Reproduzo a seguir algumas frases do livro:

“Jesus disse que quem quiser entrar no reino tem de se tornar um pequenino. A criança é a melhor parte da vida humana. Ela concentra muitas das virtudes que Deus gostaria que vingassem na humanidade.”
 (Ariovaldo Ramos)
“Há um equívoco entre os cristãos de achar que a Bíblia fala pouco sobre as crianças. Algumas das mais importantes obras e revelações de Deus foram feitas por intermédio delas. A fé e as ações dessas crianças são essenciais para a realização dos propósitos divinos.” (Keith White)
“Minha comunidade de fé é um grupo de dezesseis ou dezessete crianças que vão à minha casa e lá me evangelizam e humanizam. Eu me reúno com elas com a sensação de que elas me revelam a respeito de Deus muito mais do que eu posso ensiná-las sobre ele.” (Carlos Queiroz)


Saiba mais sobre Uma Criança os Guiará em www.ultimato.com.br/blogs/crianca 

quinta-feira, maio 27, 2010

O menino que domou o vento


Com dois livros de física elementar, um monte de lixo e a energia eólica, jovem abastece lâmpadas e celulares em sua vila no interior da África. Clique no link abaixo e veja 
William Kamkwamba contar sua própria história:

domingo, maio 23, 2010

Quem disse que o Evangelho é fácil?

Uma confusão com estas duas palavras - simples e simplista - quando buscamos compreender o Evangelho de Jesus pode causar consequencias trágicas. É como olhar para o céu e ver a clareza, a harmonia e a simplicidade da paisagem. No entanto, esta experiência não torna o céu algo simplista. É preciso uma bom tempo de dedicação para estudar os fenômenos que geram a realidade das nuvens, das cores, da aparência. (Sem falar obviamente que nem sempre o céu tem a mesma aparência)

Falar do Evangelho de Jesus é dizer que o que ele nos oferece está acessível a qualquer pessoa, e que a graça de Deus possibilita o deleite e o envolvimento do ser humano na realidade das virtudes do reino de Deus. Mas isso não quer dizer que para alcançar o homem e a mulher devemos simplificar o Evangelho. Ele não é um mero joguinho de criança, muito menos uma interpretação fácil, rápida e subjetiva de textos bíblicos. Por que não?

  • Porque o Evangelho é divino, e não temos controle sobre ele. Quem nos revelou a mensagem foi o próprio Deus. E nos últimos dias, ele nos falou por meio de Jesus Cristo (Hb 1.2), a revelação exata de Deus Pai (Hb 1.3). Ele é o autor da mensagem, nós somos mensageiros.
  • Porque o Evangelho toca as feridas mais profundas, e isso é inegociável. Se a mensagem cristã não toca a profundidade da constituição humana, não é cristã (isso dói e pode gerar rejeição). Como diz o apóstolo Paulo, o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).
  • Porque estamos em uma guerra, e o Evangelho é um instrumento para acabar com ela. Não dá para compreender o Evangelho, como se estivéssemos sentados no sofá da sala, vendo TV. Se não nos envolvemos na luta contra o mal, contra o pecado, contra a injustiça, a mensagem do Evangelho será resumida a um conteúdo de auto-ajuda religiosa, que traz consolo e alívio para quem está cansado de viver. Segundo Paulo, precisamos de uma armadura, e o Evangelho são os nossos calçados para vencer a guerra e reestabelecer a paz (Ef 6.15). Quem esteve/está em contextos de guerra sabe como é difícil viver assim. Tornar o evangelho simplista em situações como essa é tratar um doente apenas com analgésicos, sem curá-lo, de fato.
  • Porque o Evangelho nos coloca em uma longa caminhada, e isso exige perseverança. O Evangelho não é comida fast-food. Ele não é importante apenas para suprir nossas necessidades básicas imediatas. Ele nos coloca em uma caminhada longa e fascinante. Já não somos mais os mesmos e não o seremos mais ainda a cada passo que dermos. Muitos têm usado a bandeira dos milagres ou a bandeira da religiosidade legalista e supersticiosa para apressar e facilitar a digestão do Evangelho. No entanto, isso não adianta muito, porque a caminhada vai continuar, e os que não compreendem a real profundidade do que estão consumindo, não terão força e vontade para seguir em frente (Mt 13.20.21).

Certamente há outros motivos para considerar que o Evangelho não é simplista. Quem tiver interesse em acrescentá-los nos comentários deste artigo, fique à vontade. O importante é saber que o Evangelho é claro e acessível, mas não a custa das tentativas de esvaziá-lo. Se assim for, estaremos igualmente perdidos como antes.

sábado, maio 01, 2010

Respostas concretas

Senhor,
As tuas respostas às perguntas do mundo são mais do que palavras; são atitudes. Os teus ensinamentos sobre a vida são mais do que afirmações; são histórias de gente. As tuas providências diante do mal e do sofrimento incluem o ser humano como instrumento da tua justiça.
É misterioso, mas real: para atender o clamor do homem, tu usas o próprio homem. Para cumprir teu plano eterno de salvação, tu te fizeste homem, sem deixar de ser divino.


Não há dúvidas de que a própria humanidade é o ponto de intersecção entre o real e o ideal. É nela que Deus materializa sua vontade, restaurando e promovendo esta humanidade. Enquanto lutamos contra nós mesmos, deixamos de perceber o trabalho de Deus entre nós.
Que, por meio de Jesus Cristo, sejamos respostas concretas a nós mesmos.

terça-feira, abril 27, 2010

Escravo

Quem toca, aprisionado está;
Entrelaçado pelas teias da própria alma;
Trilhando a jornada da pequenez,
Cansa-se com o lixo que produz.

Quem vê, limitado está;
Tragado pelas águas escuras da vergonha;
Debatendo-se entre as desculpas do coração,
Adormece os pés, não mais altaneiros.

Quem silencia, algemado está;
Seduzido pela manipulação do poder;
Sonhando-se herói de um mundo egoísta,
Não mais fala, não mais ouve.

Quem aceita, escravizado está;
Submetido à ditadura do prazer;
Confundindo certo e errado, luz e trevas,
Senta-se, enquanto o brilho da coragem se vai.

Areia movediça.
Que os órfãos de Abraão não mais a subestimem.
Nada pode ser controlado.
Nem a liberdade.

“Quem peca é escravo do pecado” (João 8.34)

sábado, abril 10, 2010

Ode à amizade

O singelo poema que escrevi no post anterior poderia muito bem ter outro título: "Ode à amizade". Seu conteúdo reconhece que caminhar com amigos é muito melhor.

Tenho pensado nestes dias sobre o valor da amizade. Os melodramáticos a retiraram do contexto da missão (do meio do caminho), e com isso ela se tornou pobre e motivo apenas para reflexões vazias. Muito do que fazemos de significativo em nossas vidas só é possível porque temos amigos. Muito (ou quase tudo) perderia o sentido se não houvesse a amizade. A amizade é um assunto altamente espiritual!


Jesus reconhece seus discípulos como amigos (Jo 15.15). O que isso significa? O grande trabalho de Jesus foi assumir o sacrifício necessário para que o ser humano se reconciliasse com ele. Reconciliar é restaurar o relacionamento, é voltar a ser amigo. 


Com a morte e a ressurreição de Cristo em favor de nós, tudo mudou. A amizade se tornou o maior presente e a maior obra da Trindade. Se algo faz sentido nesta vida dura, é que somos transformados em amigos. Nossa identidade diante de Deus é formada na perspectiva da amizade. A própria obediência resulta no reconhecimento da amizade (Jo 15.14).


Ser amigo é sentar junto, rir junto, chorar junto, comer junto, trabalhar junto, sonhar junto, caminhar junto. Mas é também viver um estilo de vida que não dificulta a reconciliação. Neste círculo de cumplicidade é que o amor se fortalece (Jo 15.12).


"Faça amigos" é quase sinônimo de "ame um ao outro" (Jo 15.17). Seguindo esta ordem, nosso caminho será muito mais rico e interessante.

terça-feira, abril 06, 2010

Enquanto caminho

Enquanto caminho, vejo mais que estradas.
Vejo rostos também marcados pelas cicatrizes da vida.

Enquanto caminho, ouço mais que passos.
Ouço canções de amizade que embalam os sonhos.

Enquanto caminho
, sinto mais que cansaço.
Sinto alegria por ter companheiros de viagem também alegres.

Enquanto caminho
, carrego mais que bagagem.
Carrego minha história com os outros, que vez ou outra me faz lembrar para aonde vou.

Enquanto caminho
, confio em algo mais do que o mapa.
Confio em Deus, que transforma a dura jornada em uma volta para casa.

domingo, março 28, 2010

A maldição do liberto sem pai

Uma academia de minha cidade lançou uma campanha publicitária com o seguinte slogan “Viva a liberdade”. A foto que ilustra a frase é de um jovem pulando de um penhasco.

É assim que o conceito de “liberdade” é entendido hoje. É o direito de se fazer o que quiser, sem limites, sem dogmas, mas também sem muita noção do perigo das nossas escolhas para nós e para os outros. E não me venha com a ideia de que isso é argumento de covarde. Quando fazemos as escolhas que nosso coração deseja, elas são justificadas pelo valor da liberdade e da coragem, mas quando os efeitos do perigo destas escolhas nos batem à porta, fugimos ou buscamos um bode expiatório para enfrentá-los. Isso não é ter coragem.

A maldição do liberto sem pai consiste na ingenuidade de buscar uma tal liberdade à custa da orfandade. Experimentar a autonomia, mas esquecer-se de como é bom contar com os outros. Satisfazemos os desejos do nosso coração, mas não levamos a sério o fato de que ninguém caminha sozinho. Nossas escolhas sempre terão conseqüências na vida de outros, especialmente os que mais nos amam.

Enquanto acreditamos na ilusão de uma liberdade infinita, cambaleamos e sofremos com os efeitos de nossas escolhas impensadas: isolamento social, conflitos familiares, arrogância, imaturidade, indiferença com Deus. Nos sentimos perdidos e confusos, mesmo tendo experimentado a “liberdade”.

Para os que se entregam ao reino de Deus, a promessa é preciosa: nos tornamos seus filhos. Eis o verdadeiro caminho para a liberdade. Passamos a ver a vida como um grande presente de um pai amoroso, e a vivemos com abundância. No entanto, sabemos que o caminho é feito comunitariamente, que precisamos dos outros e que os outros precisam de nós. Sabemos que os erros existem, mas nos esforçamos para viver da maneira correta, por amor a Deus e ao ser humano. Não vivemos em um mundo habitado por pessoas estranhas onde cada um se basta em suas próprias decisões. Vivemos em uma família, onde toda escolha afeta o nosso próximo. Se assim pensamos, a paz será naturalmente uma construção coletiva, alegre e sincera. Daí as palavras de Cristo: “Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos” (Mateus 5.9).

Viver a liberdade não é ter, a qualquer custo, o direito de pular de um penhasco. É sentir-se parte de uma família, e, em honra a isso, viver intensamente cada momento. É descobrir-se livre na proximidade com o outro. Afinal, mesmo quem tem a coragem de pular de um penhasco vai precisar de um paraquedas.

domingo, março 21, 2010

A maldição do horizonte sem sol


O mal do século não é a depressão, muito menos a solidão. Ambas são apenas sintomas de feridas mais profundas. A “cegueira seletiva” é a pior doença dos nossos tempos. O problema não é que não vemos, mas vemos o que não é importante, e deixamos de perceber o que realmente importa. É como visitar uma praia e enxergar apenas o vendedor de sucos. “Não viu a beleza das ondas? Não viu a brancura da areia da praia? Mas você esteve lá!”

A maldição do horizonte sem sol é o drama de se alegrar com a beleza do horizonte, mas não perceber o fulgor do sol. É ler o texto, mas não lembrar do seu título. É identificar o endereço, mas não se dar conta de que a placa da loja está na sua frente. É dedicar-se a decifrar os enigmas modernos, a dominar a tecnologia mais avançada, a criar as metodologias científicas mais inovadoras, mas não compreender as verdades mais profundas, que excedem os fenômenos meramente visíveis. Certa vez ouvi uma pessoa dizer que “a nossa pior tragédia é sermos bem sucedidos no que não importa”.

Nossa geração sofre com a cegueira seletiva porque não apenas seus olhos, mas também seu coração está doente. “São os olhos a lâmpada do corpo”. Se não há luz do lado de fora é porque o lado de dentro está cheio de escuridão. Se não enxergamos o que é mais importante é porque nossa alma está doente e precisa ser restaurada.

Talvez seja mais adequado chamar de epidemia, e não de doença. Isso porque a cura não vem simplesmente com um tratamento individual; é preciso haver uma mudança de olhar muito mais profunda e abrangente. Por estranho que pareça, a cura será eficaz quanto mais coletiva for.

A felicidade de quem se encontra no reino de Deus é enxergar o que realmente importa. É o que Jesus disse em seu famoso sermão: “Felizes as pessoas que têm coração puro, porque elas verão a Deus” (Mateus 5.8). Nossa visão torna-se límpida porque nosso coração também o é. A cura aconteceu antes, de maneira invisível, dentro de nós; e somente a percebemos quando começamos a enxergar o que não víamos antes. È precisamente isso – enxergar o que não víamos antes - que nos garante que a restauração já começou no profundo do nosso ser.

A promessa de Deus é nos curar de uma cegueira seletiva que nos deixa confusos e iludidos com as enganosas paisagens da vida. Somos submetidos a um escrutínio de nós mesmos, que revela nossa doença. Quando nos entregamos a Deus, passamos a ver o sol, ao mesmo tempo em que nos damos conta de que a beleza do horizonte que enxergávamos era apenas o começo.

Ver a Deus é reconhecer a presença pessoal de quem nos deu olhos exatamente para isso: para ver a beleza de sua divindade e para nos deleitar com as obras de suas mãos.

sábado, março 13, 2010

A maldição da justiça individual



Aquele que está preso à sua própria justiça, é como alguém abandonado em uma ilha deserta: sem pão, sem ajuda, sem salvação. Os caminhos do egoísmo passam necessariamente pelas ilhas da justiça individual. Eis mais uma maldição do nosso tempo.

O homem contemporâneo vê a vida, as pessoas e os problemas a partir de um único princípio: “quem me deve que me pague!” Não há espaço para descontos ou perdão; muito menos para erros, imprevistos ou desatenção dos outros. Não há alegrias compartilhadas, apenas compensações. Não há compaixão, apenas favores. Não há confissões, apenas argumentos.

A maldição da justiça individual consiste em reduzir a uma única pessoa o que deveria ser para todos. O vislumbre do pôr-do-sol privatizado em uma tela pintada. É como comer todo o bolo no meio de outros famintos só porque foi você quem o preparou. “Eu fiz o bolo, logo é justo que o coma por inteiro e não o reparta com ninguém”.

No entanto, não se faz justiça sem misericórdia, porque ninguém resiste ao crivo da justiça individual, assim como ninguém sobrevive sozinho por muito tempo em uma ilha deserta. Quem decide viver assim se torna prisioneiro de si mesmo e da ilusão de uma organização da vida que, na verdade, é egoísta, insuficiente e incompleta. Uma solidão profunda atinge a vítima desta maldição, porque ela não vê amigos, apenas estranhos que ameaçam seus direitos.

A promessa do reino de Deus é colocar em ordem o fluxo da misericórdia. Quem se reconhece dentro deste reino, tem misericórdia dos outros e recebe misericórdia de Deus (Mt 5.7). A justiça da compaixão é o seu cetro. Fazer parte deste reino é ser libertado da escravidão da justiça individual e gozar da plenitude da justiça compartilhada, guiada por Deus e enriquecida pelos relacionamentos verdadeiros.

Misericórdia é “levar ajuda ao miserável” (Léxico Grego de Strong). Para que isso aconteça, precisamos admitir que somos ambos, o que leva a ajuda e o que recebe a misericórdia. E isso só será possível quando Deus nos curar da maldição da justiça individual.

domingo, março 07, 2010

A maldição da carência

Somos capazes de escalar montanhas, percorrer matas e navegar mares à procura do que ainda não temos, de um anseio não realizado. E enquanto buscamos, somos transformados pelo desejo que nos move. De certa forma, ele nos define. À semelhança de Golum, personagem da série “O Senhor dos Anéis”, corremos o risco de perder a humanidade, caso o desejo egoísta pelo “precioso” nos domine.

Nossa geração vive a
maldição da carência. Nela, os desejos aprisionam e definem nossos caminhos e nosso jeito de viver. Eles são fonte de lucro financeiro e movem a máquina pós-moderna da existência. Desejo agora é grife, é ideologia, é fundamento para escolhermos a religião, a ética, o amor. Até nossa maneira de pensar é controlada pelos desejos. Somos capazes de chegar a conclusões absurdas para justificar nossa vontade.

A maldição reside num fato curioso: quanto mais buscamos a satisfação, mais insatisfeitos nos tornamos. É como aqueles jogos de azar que nos fazem gastar mais dinheiro sempre que ganhamos um pouco. Ou como um viciado em drogas, que quanto mais consome, mais sente falta. Não há saída para quem segue este caminho. Um dia a insatisfação o dominará de tal forma que ele perderá o sentido de viver. Quando isso acontecer, a maldição da carência chegará ao mais alto nível de destruição.

Se há uma fartura, esta só é concedida a quem tem a fome certa: fome e sede de justiça (Mt 5.6). Isto é, o desejo de tornar-se justo e de fazer parte de uma justiça que vai além dos nossos desejos egoístas. É abrindo-se para a justiça de Deus que nos encontramos em seu reino. Ao contrário da máquina pós-moderna, a engrenagem do reino de Deus nos humaniza, nos faz mais gente. Escolhemos o que é justo, e não obrigatoriamente o que desejamos. No reino andamos livremente, pois o desejo que nos dominava é apenas mais um companheiro de viagem, com o qual até dialogamos, mas sem sermos subjugados por ele.

Contra a
maldição da carência só mesmo o consolo e a satisfação de um Deus que nos conhece muito bem. A ele entregamos nossos desejos. Em troca, ele nos dá sua justiça.

sábado, fevereiro 27, 2010

A maldição do viajante sem casa

Não é natural sair de casa. Exatamente a segunda metade dos anos de minha vida estão sendo vividos fora da casa de meus pais, o lugar onde dei os primeiros passos e senti os primeiros sentimentos. A gente desacostuma dos detalhes, e lembrar do que ainda é “nosso” torna-se quase uma dor.

O maior consolo de quem sai é ter a esperança de poder voltar, mesmo que seja apenas para visitas. Da mesma forma, a maior tragédia é não saber para onde voltar.

Um amigo meu, ferido por grandes derrotas em sua vida matrimonial, disse recentemente que voltou para a cidade porque “para recomeçar a vida é preciso voltar ao início”. A maldição reside exatamente na realidade do viajante sem casa. Ele gosta de aventuras, descobre novos lugares e novas pessoas, aprende culturas interessantes e outras línguas, mas de tanto ir, vai perdendo o caminho de volta.

Conhecer o mundo não é suficiente. É preciso lembrar sempre o caminho de casa. E quando o esquecemos, nos perdemos na imensidão da vida, assim como quando um banista se afoga na força bravia do mar, outrora belo, mas agora perigoso. Desesperadamente projetamos, então, o “caminho de casa” em tudo que achamos legítimo.

Eis um drama atual. O homem contemporâneo não sabe mais o caminho de casa. E agoniza entre as infinitas possibilidades.

No entanto, a promessa de Deus é dar o seu reino aos que se reconhecem pobres de espírito (Mt 5.3). Contra a maldição do viajante sem casa, Deus concede pertencimento, um lar. Contra a confusão moderna dos caminhos sem volta, ele diz: “o reino é seu”. Eis uma benção indescritível.

O que fazer então? Enxergarmos toda a miséria que há dentro de nós. Dói, mas é necessário. Diante do desespero, baixe as armas e entregue-se àquele para o qual seu coração pulsa. Não será surpresa mais a frente perceber que você, na verdade, está voltando para casa.

Série "Maldições" - Introdução

Aqui vale esclarecer minha intenção. “Maldição” compreendo como “problema”, assim como quando há uma reunião de família para descobrir a razão dos filhos brigarem tanto. O pai pergunta: “por que não conseguimos viver unidos? Por que não ajudamos um ao outro, com satisfação e sem constrangimento?”. E os filhos começam a averiguar os verdadeiros motivos pelos quais o “problema” existe.

Quero falar sobre cinco maldições:
1. Maldição do viajante sem casa
2. Maldição da carência
3. Maldição da justiça individual
4. Maldição do horizonte sem sol
5. Maldição do liberto sem pai

Elas são relevantes aos nossos dias, mas indicam muito mais que uma explicação sobre a atual sociedade. Essas cinco maldições nos mostram o que é viver fora do reino de Deus. Como que virando do avesso, o caminho que me fez encontrá-las foi o sermão das bem-aventuranças de Jesus (Mt 5.3-10). Nele, o Mestre revela a realidade do ser humano antes e depois de descobrir o reino. Suspeito que para compreender o domínio de Deus é preciso antes sentir-se desesperadamente fora dele.

Cada post falará sobre uma maldição.

domingo, fevereiro 21, 2010

O que vemos e o que não vemos

A cega dos olhos não está sempre na escuridão. É possível não ver, vendo; e ver, não vendo. E quando isso acontece, a arrogância é a melhor companheira da cegueira.
Quando nos entregamos a Deus, ele transforma a arrogância em humildade. Aí vemos um mundo novo; bem mais belo e interessante que o anterior.
Humildade é saber que a vida começa em Deus; e é sustentada por ele. Humildade é compreender que o que sou ou faço é verdadeiro se tão somente for uma expressão da obra de Deus em mim. E quando isso ocorre, nos calamos, ouvimos e doamo-nos ao outro, sem invadi-lo.
Quando percebemos a obra de Deus, e nos envolvemos como instrumento dele, viver se torna uma grande benção e, ao mesmo tempo, um grande mistério.
Assim sendo, nossos olhos se tornam janela da alma.

domingo, janeiro 31, 2010

Re-de-mim

Impregna-me de ti
Eu, minh`alma e meus livros.

Faze-me horizonte
Onde a aurora adormece.

Torna-me canto, profecia
E alento para o desespero.

Tempestade que adentra,
Silêncio, árido coração.

Em renovo, sou de novo,
Menos eu, mais vida.

Por entre os dedos,
feridos,
De quem É.